Por Victoria Fonseca
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

Criação de grupos de WhatsApp para comunicação entre vizinhos, confecção de placas de alerta e intenso investimento em equipamentos de segurança. Essas são as ações adotadas por moradores do entorno do Parque Tênis Clube diante da sensação constante de insegurança. Segundo a comunidade local, somente no mês de janeiro foram seis residências arrombadas.

Os primeiros meses de 2023 para os residentes da região conhecida como bairro Jardim, nas Três Vendas, têm sido marcados pela intranquilidade em suas próprias casas. Embora relatem que a área sempre tenha convivido com furtos, quem mora por ali afirma que o problema deixou de ser esporádico desde as primeiras semanas do ano.

Moradora da rua Maestro Bandeira, Mariana* conta que na madrugada do dia 22 de janeiro teve a residência invadida. Foram furtados equipamentos eletrônicos e jóias. "Entraram na minha casa, levaram todo equipamento do meu filho, câmeras, lentes, computador e as minhas jóias." Ela ainda ressalta que mesmo as fortes grades não impediram a invasão. De positivo, aponta apenas a sorte de nenhum dos filhos estarem em casa na hora.

Já Bruna* relata o caso de uma de suas vizinhas que, mesmo estando em casa, um criminoso invadiu para cometer furtos. A situação só foi percebida por ela depois de ver as gravações das câmeras de segurança. "O cara estava dentro da casa, escondido. Ela passou por ele e nem viu, só quando olhou as filmagens", conta.

Nem mesmo um motoboy que circulava pela região foi poupado, tendo a moto levada pelos bandidos, segundo as moradoras.

Precaução
Ao percorrer as quadras da região é difícil não notar as características em comum na maioria das casas: muros altos, grades por todos os lados, cercas elétricas e câmeras de vigilância. Além disso, a partir desta semana, outro elemento irá integrar a fachada das residências. Foram instaladas placas com a frase "vizinhos em alerta", encomendadas pelos moradores em uma tentativa de afastar os criminosos ao ressaltar que as áreas são monitoradas por todos.

A ideia surgiu em um grupo de WhatsApp com mais de cem membros, criado para o compartilhamento de informações sobre movimentações suspeitas e para a cooperação entre vizinhos. "Colocamos para alertar que, além de todo o arsenal que se tem [equipamentos de segurança], também estamos em comunicação o tempo inteiro", explica Mariana*.

As trocas de mensagens foram inspiradas em reportagem que mostrou sistema colaborativo semelhante entre moradores de bairros do Rio de Janeiro.

Desconfiança
A insegurança é tanta que às vezes gera engano. Na tarde de terça-feira, uma das moradoras viu um homem no telhado de ua casa da vizinhança e lgo alertou o proprietário. No entanto, era justamente um instalador de alarmes e câmeras para prevenir os arrombamentos.

A casa, na avenida República do Líbano, está entre as invadidas recentemente, assim como outras três ao lado. "Levaram muita coisa, limparam a casa. Levaram até os aparelhos da internet", relata Bruna*.

Praça em mau estado de conservação
Também na República do Líbano, na quadra entre as ruas Francisco Santos e Catulo Cearense, uma grande praça em que há inclusive um lago também é motivo de preocupação por conta da falta de iluminação pública e poda dos arbustos. Razões que deixam os moradores desconfiados que o ponto possa servir de refúgio aos bandidos.

Questionada pela reportagem, a Secretaria de Qualidade Ambiental, por meio de assessoria de comunicação, disse que irá colocar na cronograma um mutirão de podas para melhorar a segurança no local.

Ocorrências
Conforme dados do Observatório de Segurança Pública e Prevenção Social de Pelotas, em janeiro dois furtos a residências foram registrados na avenida República do Líbano, um na rua Maestro Bandeira e um na rua Póvoas Júnior, assim como um roubo a estabelecimento comercial na avenida Dom Joaquim, somando cinco registros no primeiro mês deste em ano. Em todo o ano passado foram sete casos na região.

Em todo o Município foram 26 registros em janeiro.

Já conforme o tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, até o dia 12 de fevereiro ocorreram, em Pelotas, 37 furtos, o mesmo número registrado neste período em 2022. Scherdien equipara os dados com 2020, quando foram registradas 75 ocorrências. "Tivemos uma boa redução", argumenta.

* Mariana e Bruna são nomes fictícios usados para proteger a identidade das moradoras.